Conhecer um mundo artístico passa não só por conhecer os nomes dos grandes mestres, mas também por explorar novos nomes que chegarão um dia a outro patamar, nomes que impulsionam novas formas de criação e produção artística.
No universo da escultura, Inês Coelho da Silva, licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes, inicia a procura pela sua própria linguagem plástica onde encontramos aspectos inovadores e peculiares.
''O permanente questionamento da minha essência enquanto pessoa e enquanto mulher tem sido a principal preocupação da minha pesquisa.
Como me debruço sobre os pensamentos, medos, desejos e experiências humanas, estou completamente comprometida numa abordagem autobiográfica, mesmo confessional, sobre os acontecimentos do quotidiano que me definem como palco dos mais variados sentimentos. Faço experiências com minha própria vida, através de sequências, calendários ou repetições, para refletir sobre minha perceção de Tempo.''
''Em muitos trabalhos, uso também a palavra escrita como elemento de discurso desconstruído: as ações de escrever, reescrever, revisitar, repensar, censurar e sobrepor, como num palimpsesto, são essenciais para o estudo da minha instabilidade emocional e racional. Por outro lado, faço uso de elementos alimentares - os que não comemos sós, mas cuja presença é vital em muitos pratos (como o sal e a pimenta). Neste processo, metaforizo os detalhes que nos tornam aquilo que somos, mas que não são visíveis numa abordagem superficial: as frações embaraçosas, terríveis e ocultas. Há, no meu trabalho, uma inegável conexão entre os elementos de culinária que uso, o trabalho têxtil, o foco no conceito em vez de na forma; e uma abordagem feminista: a casa, o lar, a prisão, a catarse. Estou ainda interessada em usar outros objetos encontrados, para além da comida, num processo de atribuição de uma nova memória a objetos com a sua própria vivência, analogamente ao que fazemos connosco próprios e com os outros, numa evolução por camadas. Na transferência destas problemáticas para obras físicas, não me sinto tão preocupada com uma coerência formal no meu trabalho, mas com uma continuidade na linha de pensamento e com o foco na íntima relação entre a Arte e a Vida.''
A vida, em geral (2018)
''O meu método de produção varia de peça para peça, dependendo das exigências das próprias no que diz respeito a materiais ou técnicas. Os meus trabalhos tridimensionais são frequentemente feitos de matérias têxteis, elementos alimentares, vidro, objetos encontrados e/ou madeira, mas interesso-me também pelo uso de superfícies planas para desenhar/ escrever/riscar em diversos materiais, tais como tintas a óleo, pastéis de óleo, placas de madeira, azulejos, entre outros. De outro modo, os atos performativos estão muito presentes no meu trabalho, com o objetivo de testar a relação entre a matéria e o corpo.'' (Inês Coelho da Silva)
Contactos da artista
http://www.inescoelhodasilva.com
Instagram @ines.coelho.da.silva
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